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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Amc Eagle





Qual foi o primeiro carro moderno a usar sistema de tração nas quatro rodas permanente, de forma que o carro pudesse ser usado no asfalto? Para a maioria das pessoas o Audi Quattro de primeira geração é a primeira resposta que vem à cabeça, mas na verdade o primeiro é o carro que vocês podem ver nas fotos que ilustram este post: o AMC Eagle.

Lançado como modelo 1980 em agosto de 1979, o Eagle chegou quase um ano antes do carro alemão, que foi mostrado no Salão de Genebra de 1980, mas só começou a ser vendido no segundo semestre daquele ano.




Os mais letrados na história do automóvel vão lembrar do Jensen FF de 1966, um esportivo inglês que foi pioneiro em freios anti-bloqueio também, um sistema mecânico Dunlop Maxaret. É uma boa lembrança, porque o sistema de tração integral permanente usado naquele carro é exatamente o mesmo do Eagle. FF significava Ferguson Formula, ou depois FF developments, inc, empresa de Coventry, na Inglaterra. A empresa patenteou e desenvolveu o sistema de diferencial central com acoplamento multidisco viscoso (usando fluido de silicone), e desde os anos 60 tentava vender o sistema sem muito sucesso (o Jensen teve producção limitadíssima). No final dos anos 70, a GKN detinha direito nas patentes deste sistema (havia comprado a FF) e desenvolveu o sistema para a AMC.



O Eagle foi uma tentativa da AMC de trazer o perene sucesso da sua linha Jeep para os automóveis, cujas vendas andavam em petição de miséria. O carro na verdade é uma modificação no AMC Concord, um carro convencional de tração traseira e motor dianteiro. Adicionar o sistema de tração total e sua suspensão diferente, mais três polegadas de altura do solo (76,2 mm) transformava o Concord num Eagle. O motor inicialmente era apenas o AMC de seis cilindros em linha e 4,2 litros, acoplado a uma caixa automática de três velocidades. A suspensão era independente na frente, com duplo “A” sobreposto, mas com grande distância entre os braços, pelo meio dos quais passavam as semi-árvores. Atrás, eixo rígido e feixes de mola s semi-elípticas.







Apesar de não deter o fim da AMC, e ser um trabalho aparentemente feito as pressas, o Eagle não deixa de ser um carro muitos anos à frente do seu tempo. Com monobloco e tração total permanente, efetivamente pré-datou o uso do 4×4 em carros no asfalto, o que o Audi Quattro logo em seguida levaria aos automóveis de alto desempenho, tendência que hoje nos deu oNissan GT-R, o Audi R8, e o Bugatti Veyron, sem contar uma horda de Subarus e Mitsubishi EVO sensacionais. E a versão perua é ancestral direta deste monte de “crossovers” tão em moda hoje em dia.





Mas é um carro de seu tempo; oferecido nas versões cupê, sedã e perua, só a última tem alguma chance de não ser imediatamente identificada como algo americano do início dos anos 80. Isso se a perua não tiver lateral falsa de madeira e pneus faixa branca, como muitas tinham… Acho um carro interessantíssimo por ser moderno e ultrapassado, por mostrar o passado e o futuro, um ponto de inflexão bem no início dos anos 80.





Os americanos não entenderam muito bem o carro, e já em 82 um sistema 4×4 para fora de estrada, part-time, que podia ser selecionado entre 4×2 e 4×4, mas nunca 4×4 permanente (feito um Jeep), já era equipamento básico, e o sistema permanente, um caro e pouco solicitado opcional. Aparecia em 1984 o cupê fastback SX/4, com aparência esportiva para tentar cativar um público mais jovem. Era oferecido também um 4 em linha comprado da GM, na verdade o mesmo 2,5-litros que tínhamos aqui no Opala. Até um estranho conversível chegou a ser oferecido… realmente, o Eagle era tudo menos normal.




O carro sobreviveu até o fim da AMC em 1987, tendo sido finalmente descontinuado em 1988 pela Chrysler, que ficou com o espólio da empresa.
A frente do seu tempo, mas ao mesmo ultrapassado desde o lançamento por suas origens nos anos 70; assim é o Eagle.

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