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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O último dos Auto Union Type D volta para casa depois de quase sete décadas

Há algumas semanas a Audi conseguiu recuperar um de seus modelos mais raros: o Auto Union Silver Type D “twin-supercharger” de 1939. O carro foi levado da Alemanha no final da Segunda Guerra e permaneceu perdido até a década de 70. Depois de uma reconstrução de 10 anos e outras duas décadas nas mãos de colecionadores particulares, a Flecha de Prata finalmente voltou às mãos da Audi.

A história do Type D começou na década de 30, na era dos Grands Prix, quando os alemães da Auto Union e da Mercedes apareceram com carros de corrida diferentes de praticamente tudo o que corria na época, usando carrocerias prateadas e de visual aerodinâmico e futurista. A Auto Union, contudo, foi um pouco além na inovação e decidiu instalar o motor atrás do posto do motorista, criando o supercarro de motor central. As Flechas de Prata dominaram a era dos Grands Prix, estabelecendo recordes e criando heróis, mas então, em 1939 veio a Segunda Guerra Mundial.

Como se sabe, a derrotada Alemanha estava destruída e tomada pelos vencedores Aliados. Zwickau – então sede da Auto Union – estava ocupada pelo Exército Soviético, que encontrou os carros de corrida escondidos em uma mina e os levou para a União Soviética como parte da indenização alemã. Em terras soviéticas os alemães perderam todo e qualquer vestígio dos carros, uma perda irreparável para nova Auto Union GmbH, a atual Audi AG, estabelecida em 1949. Apenas um carro permaneceu na Alemanha: o Type C que estava no Deutsches Museum e foi danificado em um bombardeio à cidade.



No final da década de 70 surgiram boatos de que um dos carros perdidos havia sido encontrado em algum lugar da imensa União Soviética. Um colecionador dos EUA chamado Paul Karassik foi à Europa e começou a procurá-lo. Karassik era um imigrante russo que passou a juventude na Sérvia, onde assistiu às Flechas de Prata correndo em Belgrado no último GP realizado antes da guerra. Apesar de ser um homem rico e fluente em russo, Karassik levou mais de 10 anos para encontrar e negociar os restos dos dois carros de corrida que haviam sido desmanchados pelos soviéticos.

Com a parte mais difícil resolvida, o colecionador fez várias viagens em uma van para tirar as peças do carro de trás da Cortina de Ferro e colocá-las na Europa Ocidental, de onde as enviou para a Flórida de avião. Em 1990 Paul Karassik entrou em contato com vários especialistas e com o departamento Tradition da Audi AG (o mesmo que levou o DKW Fissore e o GT Malzoni para Ingolstadt) para conseguir orientações para a restauração – que por sua vez foi conduzida pelos experientes ingleses da Crosthwaite & Gardiner.

Depois de estudar os componentes recuperados, foi decidido reconstruir um Type D com um compressor mecânico, de acordo com as espeficicações do carro de 1938, e um Type D de 1939, com dois compressores. Nos dois casos foi preciso construir uma nova carroceria, já que nenhum painel da carroceria original sobreviveu ao trato soviético. O trabalho foi encarregado à britânica Rod Jolley Coachbuilding, e o primeiro dos dois carros ficou pronto em agosto de 1993. No ano seguinte, o modelo 1939 ficou pronto para rodar, e com ajuda da Audi ambos disputaram a Eifel Classic realizada em Nürburgring, em outubro de 1994, exatos 55 anos depois do último Grand Prix disputado pelas Flechas de Prata.



Com a compra do Type D de dois compressores, a Audi completa a recuperação dos três carros da Auto Union que haviam sido levados pelos soviéticos. Além dos dois carros de Karassik, o terceiro carro é o famoso Auto Union Type C/D, pilotado por Hans Stuck em subidas de montanha. Foram quase 70 anos de espera, mas o Type D de dois compressores finalmente está de volta ao lar.

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