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domingo, 20 de janeiro de 2013

Dodge Dart Sigma: o melhor do Pro Touring nacional



Em meio a centenas de automóveis fantasiados e colírios femininos, fiquei hipnotizado por um quase estranho no ninho do X-Treme Motorsports: um Dodge Dart cupê 1972 no espírito Pro Touring, lindo de morrer – e com todas as partes mecânicas modificadas para espirrar poeira nas fuças dos jovens que ousarem desafiá-lo.

À primeira vista não é muito fácil perceber o que há por baixo da carroceria impecável. Foi só quando abriram o capô que começamos a ver coisas diferentes do normal. Imediatamente pensei: “putz, quem devia dar uma olhada nisso aqui e explicar para a galera era o Kowalski…”




Na falta do nosso especialista em muscles, técnica e Dodges, tentei pescar o máximo de informação a respeito, mesmo no meio de um Salão. O bloco é um Chrysler V8 de 350 polegadas (5,7 litros) com tudo novo: válvulas, pistões, bielas, comandos Edelbrock, balanceiros roletados, carburação Quadrijet 750 e potência estimada em 400 cavalos – ele ainda não passou no dinamômetro.



O que chama a atenção mesmo numa olhada mais cuidadosa é a geometria da suspensão dianteira, totalmente diversa das barras de torção originais. “Arrancamos tudo e desenvolvemos novas geometrias e conjuntos coil-over com ajustes de cáster e cambagem. Fizemos também mangas de eixo, sinos e cubos de roda”, diz o dono.

Mas peraí, que tipo de proprietário é esse que constrói suas próprias suspensões? Trata-se do Ricardo Rodrigues da Silva, experiente piloto de Marcas e Pilotos e Mil Milhas. Junto com o irmão Luiz, criou a Sigma, uma fabricante artesanal que projeta e produz roadsters V8 (assunto do próximo post) e kits mecânicos de alta performance para Dodges, Opalas e Mavericks.

Ricardo trabalhou longos anos para tornar seu Dart um verdadeiro Pro Touring. Além da suspensão dianteira, o conjunto traseiro (eixo rígido) também foi substituído por um four-link. Os freios a disco, de fabricação própria, podem receber cargas ajustáveis por controles internos, e ganharam pinças Wilwood. As rodas aro 17 vestem pneus PZero 255 na frente e 335 atrás.

Toda a parte elétrica, de combustível e refrigeração também são novos. O interior foi aliviado, mas ganhou um banho de loja e gaiola de proteção – repare nas barras estruturais onde creio que antes não haviam colunas. Dois bancos Rallye do tipo concha com cintos de segurança de quatro pontos praticamente eliminam a chance de alguém caber no banco de trás.

Instrumentos AutoMeter foram enfileirados no painel, junto com dois consoles centrais de interruptores dos sistemas elétricos e de combustível. A nova alavanca de câmbio, quase uma bengala de prata, é deslocada para trás e está conectada à transmissão de cinco marchas oriunda da picape Dakota. A direção eletro-hidráulica completa a lista.



O ar-condicionado foi para o saco. Ricardo calcula que, com o alívio geral e a troca de peças, o carro perdeu mais de 200 kg. Além disso, algumas bombas hidráulicas foram deslocadas para o porta-malas, com a intenção de equilibrar melhor a distribuição de peso. “Minha idéia foi fazer esse Dodge dos anos 70 chegar em qualquer BMW atual. O carro anda nas ruas, mas o ajuste que nós buscamos é voltado para pistas e track days”, explica o dono.

Para quem é apaixonado por muscles mas também sonha com alta performance, não consigo imaginar nada melhor do que isso – pelo menos enquanto o Dart Games não termina.

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