A marca francesa Bugatti foi fundada em 1909 pelo italiano Ettore Bugatti, localizando-a em Molsheim. A cidade de Molsheim encontrou-se sob o domínio do império alemão até 1919, altura em que seria restituída à França.
A marca ficou conhecida pela engenharia avançada nos seus primeiros carros e pelas vitórias em competição. Os carros da Bugatti obtiveram grande sucesso nas provas de competição, tendo o Bugatti Type 35 atingido mais de 2000 vitórias. A Bugatti venceu por duas vezes as 24h de Le Mans, tendo a última sido vencida em 1939 por Jean-Pierre Wimille e Pierre Veyron, tornando-se a mais conhecida devido à utilização de apenas um carro e baixos recursos.
A Bugatti viria a ter difíceis momentos por causa a morte de Jean Bugatti, filho de Ettore Bugatti em 1939. Devido à morte do filho, a fortuna da marca começou a declinar, mas foi com o início da II Guerra Mundial que a fábrica de Molsheim foi à falência. Durante a guerra, Ettore Bugatti planeou uma nova fábrica e desenhou uma nova série de carros, não chegando a concretizar os planos, devido à sua morte em 1947. Durante este período, diversos investidores tentaram salvar a Bugatti, mas sem efeito, continuando esta a produzir peças para aviões.
Em 1987 a Bugatti passa para controlo Italiano, construindo uma fábrica na Itália em Campogalliano, perto de Modena. Em 1991 é apresentado o novo Bugatti EB110 da obra dos designers da Lamborghini: Paolo Stanzani e Marcello Gandini. Devido à recessão da economia Americana e Europeia, a fábrica volta a fechar em 1995.
Em 1998 a Volkswagen consegue o direito de produzir carros sob o nome da marca Bugatti. A Volkswagen apostou na criação de protótipos, mas é em 2000 que apresenta o protótipo: Bugatti EB 16/4 Veyron, um carro com um motor de 16 cilindros em W, com 1001 CV, atingindo uma velocidade máxima de 407.5 km/h. O novo Bugatti Veyron 16.4 entraria em produção nos finais de 2005.
História da Bugatti
"Seus carros são realmente ótimos, Monsieur Bugatti, mas para um verdadeiro gentleman, somente os Rolls-Royces são adequados."
Quando ouviu essa afirmação em uma reunião social no início dos anos 20, Ettore Bugatti não ficou revoltado como se era de esperar. Uma pessoa obviamente inteligente, Bugatti logo começou a pensar nos motivos que levaram aquela linda jovem bem nascida a dizer tal coisa.
Ettore Bugatti, o criador das lendas, abandonou o curso de artes e foi dedicar-se a sua paixão pelos automóveis
Os Rolls-Royces, apesar de tecnicamente inferiores aos Bugattis, tinham já àquela época qualidade e confiabilidade incríveis. Carros enormes, relativamente velozes e caríssimos, os Rolls eram a escolha preferida da nobreza européia, e portanto a jovem não deixava de ter razão. Bugatti resolveu então que não aceitaria passivamente essa situação. Discussões inúteis não valeriam a pena: Ettore iria construir sua resposta.
O resultado disso foi o tipo 41 "La Royale" ou, como é mais conhecido, o Bugatti Royale. Um dos carros mais lendários já criados, por seu glorioso exagero nas especificações, o Royale conseguiu duas coisas: colocar a Bugatti num patamar acima da Rolls-Royce, como pretendido, e apontar à empresa uma direção que a levaria, em última instância, à falência.
O nascimento da marca
Ettore Bugatti nasceu em 1881 na famosa cidade italiana de Milão. Sim, Bugatti era italiano, apesar de construir sua vida e sua famosa empresa na França. EB nasceu em um ambiente que seria decisivo para seu futuro: uma família de artistas. Embora tivesse nascido, também, com aquela indefinida característica genética que causa o entusiasmo pelo automóvel, o meio artístico em que nasceu e foi criado teria uma profunda influência em sua vida.
Ettore ao volante de um protótipo do Royale, até hoje o mais longo automóvel já produzido - Clique para ampliar
O pai de Ettore, Carlo Bugatti, é até hoje famoso por sua mobília artística. Seu irmão mais novo, Rembrandt, ficou conhecido por suas esculturas de animais fundidas em bronze. A mais famosa delas é o elefante que adornou o enorme radiador do Royale.
Bugatti, desde garoto, apresentou aptidão para a mecânica (uma história repetitiva; qual pioneiro do automóvel não tinha?). Aos 18 anos abandonou a Escola de Belas Artes de Milão, para desgosto do pai, e foi contratado como aprendiz na empresa Prinetti & Stucci, em sua cidade natal. Lá participou de seu primeiro projeto automobilístico, um triciclo motorizado. A partir daí Bugatti passou rapidamente por várias empresas, até que fixou residência na cidade de Molsheim, na Alsácia francesa, onde conseguiu financiamento para desenhar o primeiro Bugatti: o tipo 10 de 1908.
Dez milhões de dólares
Os Bugattis Royale raramente são postos à venda. Como são carros famosos, historicamente importantes e raríssimos (apenas seis existem), quando alguém resolve vender um, casas de leilão se entusiasmam, fortunas estremecem e todos esperam o momento em que uma quantidade exorbitante de dinheiro trocará de mãos.
Na última vez em que isso aconteceu, num leilão no Royal Albert Hall em 1987, o colecionador americano Miles Collier vendeu seu Royale para o sueco Hans Thulin por quase oito milhões de dólares, o valor mais alto pago por um carro até hoje.
Esse Royale foi um dos que Ettore Bugatti manteve consigo até o final de sua vida, e pertenceu também ao milionário americano Briggs Cunningham.
Agora, a casa de leilões Bonhams & Brooks (a terceira do mundo) foi contatada para revender o mesmo carro, agora em "venda privada", ou seja, pessoas possivelmente interessadas serão contatadas pessoalmente pela casa de leilões e a venda se dará em sigilo. Espera-se que o Royale troque de mãos novamente por não menos que 10 milhões. De dólares... Nada mau para o que é, para todos os efeitos, um carro usado com 71 anos de idade.
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Desde o começo, Bugatti mostrou um senso de estética e proporção até hoje impressionante. Todos os componentes de seus veículos deviam, antes de funcionar bem, ter uma aparência impecável. Os motores sempre foram construídos em perfeitas formas geométricas, sem que nenhuma parte visível ficasse sem acabamento. Até os fundidos eram usinados para um acabamento impecável, mesmo nas superfícies não-funcionais.
O tipo 35, primeira obra-prima de Bugatti: rodas de alumínio com freios integrados, motor de 8 cilindros em linha e 3 válvulas para cada um
Carros de competição se tornariam seu forte, visto que Ettore logo descobriu que os pilotos pagavam qualquer coisa por um veículo competitivo. E, dotados de pára-lamas e pára-choques, esses modelos de competição se tornavam excelentes carros de passeio para os mais abastados.
Os clássicos imortais
Um dos carros mais conhecidos de Ettore foi o imortal tipo 35, sua primeira obra-prima e um dos carros de proporções mais perfeitas já criados. Suas magníficas rodas de alumínio ficavam fora da carroceria, uma delicada e minimalista criação que escondia completamente seus componentes mecânicos e culminava com o hoje famoso radiador em forma de ferradura.
E não era só belo: equipado com um motor de oito cilindros em linha -- pela primeira vez na marca --, contava com comando no cabeçote e três válvulas por cilindro (uma de admissão, duas de escapamento) e girava extremamente alto para sua época. As rodas eram integradas com os tambores de freio e, por sua construção em alumínio, eram leves e dissipavam bem o calor. Foi o primeiro Bugatti com freios nas quatro rodas, sendo os dianteiros de acionamento hidráulico. O câmbio permitia engates rápidos e precisos, a estabilidade era lendária.
O eixo dianteiro do tipo 35 se tornaria uma tradição Bugatti: uma peça de seção circular de diâmetro variável, forjada, era então usinada para que o feixe de molas passasse através dele. Caríssima, mas também bela e excelente em sua função: uma criação de um engenheiro-artista, como o carro que equipava.
O tipo 35 teve longa carreira, de 1924 até 1931. Durante esses anos, 600 unidades foram construídas com versões do oito-em-linha que iam do 1,5-litro de aspiração natural até 2,3-litros com compressor mecânico. Venceu 1.800 corridas, tendo feito sua estréia no GP da França de 1924, quando a Bugatti se apresentou com sete veículos e 45 toneladas de peças de reposição.
Foi o transporte preferido dos playboys dos anos 20 (Isadora Duncan morreu em um deles, quando seu cachecol se prendeu a roda em movimento) e transformou a Bugatti numa marca respeitada e admirada.
Nos anos 20, um tipo 35, carro feito para as competições de GP (a F1 da época), com carroceria fechada para o uso nas ruas. Como fazer o mesmo com um F1 de hoje?
Retrovisores
Dizia-se que Ettore Bugatti não permitia que se projetassem espelhos retrovisores em seus carros, por acreditar que quem dirigia um Bugatti não se importaria com os carros que ficassem para trás. Ao contrário do que reza a lenda, porém, um dos dois exemplares Royale da coleção Schlumpf, uma limusine Park Ward encarroçada na Inglaterra, possui o equipamento.
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E então houve o Royale. Desenhado para ser usado pelas cabeças coroadas da Europa, carregava sua mascote paquidérmica no radiador por um bom motivo: era um carro gigantesco. Media 4,32 metros de entreeixos -- o que um Astra Sedan tem de comprimento... O carro pesava mais de três toneladas e custava o equivalente a três Rolls-Royces Phantom II. Nenhuma de suas peças recebia banho de cromo. Ettore achava que tal metal era vulgar demais para os carros, substituindo-o por banhos de prata.
O Royale era o exagero sobre rodas: 12,7 litros de cilindrada, mais de 6 metros de comprimento e cerca de 3 toneladas
Seu motor, um oito-em-linha (desenvolvido a partir de um 16-cilindros aeronáutico), começou com 14.726 cm3 de cilindrada e 300 cv de potência a apenas 1.700 rpm. Isso mesmo, 14,7 litros! A partir do segundo chassi, os motores tiveram sua cilindrada reduzida para "discretos" 12.763 cm3 e a potência para 278 cv. O motor media 1,42 metro de comprimento, usava 23 litros de óleo lubrificante e 68 litros de água no radiador. O câmbio era de três marchas, com a segunda direta (1:1) e a terceira overdrive.
O Royale foi um divisor de águas na história da empresa. Até então, os Bugattis eram carros de competição modificados para uso nas ruas e criados conforme os desejos de Ettore. A partir dele, a influência de seu filho mais velho Jean começou a aflorar, até que se tornasse a principal voz na criação dos veículos, como no lendário tipo 57, um carro que Jean desenhou de cabo a rabo.
Em 1927, um ano após a apresentação do Royale, a Bugatti inaugurava seu departamento próprio de carrocerias, onde Jean criaria obras nunca antes vistas. O Royale provou ser dificílimo de vender, situação que piorou com a quebra da bolsa de Nova York em 1929. Apenas seis carros foram criados em seis anos, de 1926 a 1931, mas três ficariam por décadas com a família Bugatti.
O primeiro a ser vendido (chassi 41111) foi o lendário roadster encomendado pelo milionário francês Armand Esders. Com suntuosos 6,23 metros de comprimento, o Esders Roadster foi uma obra-prima de estilo e proporção. Inspirado no tipo 55, Jean criou um carro onde os pára-lamas se uniam em uma única linha, sem nenhuma parte reta em toda a lateral. A pedido de Esders, o carro não tinha capota nem faróis: seria usado apenas em dias claros, em ocasiões especiais.
O primeiro Royale, feito para o milionário francês Esders, não tinha capota nem faróis: seria usado apenas em dias claros e ocasiões especiais
A carroceria original foi trocada pelo segundo proprietário. O hoje chamado Coupé de Ville Binder pertence à coleção Harrah, juntamente com o último Royale, o de chassi 41150, que permaneceu nas mãos da família Bugatti até 1951. Mas uma reprodução exata do original ainda pode ser vista no Museu Nacional do Automóvel de Mulhouse, França. Apreciá-lo ao vivo é uma experiência única e recomendável.
Em 1931, Ettore já havia deixado a operação da fábrica sob a responsabilidade de Jean, então com apenas 22 anos. Quando uma greve estourou em 1936, Ettore, um homem que dirigia sua empresa como um senhor feudal, ficou extremamente abalado, a ponto de abandonar Molsheim e se exilar em Paris, onde passou a se concentrar no lucrativo negócio de trens.
Os trens Bugatti são uma história a parte: eram vagões integrados à locomotiva, altamente aerodinâmicos e propelidos por uma combinação de dois ou quatro motores de oito cilindros em linha do Royale. Bateram vários recordes de velocidade, mantiveram-se em operação até 1958 e garantiram a sobrevivência da empresa durante a crise dos anos 30.
O 57 Ventoux: motor com câmaras hemisféricas e duplo comando no Bugatti mais vendido entre os clássicos -- 710 unidades no total do tipo 57
O elegante tipo 57 Enquanto isso, Jean ficou livre para inovar em "sua" fábrica. Seu tipo 57 é provavelmente o melhor dos Bugattis clássicos -- e o mais vendido, 710 unidades. O motor continuava na clássica configuração oito-em-linha, mas agora contava com duplo comando de válvulas no cabeçote e câmaras de combustão hemisféricas. Com 3,3 litros de cilindrada, era muito mais eficiente que o tradicional três-válvulas.
A versão 57S era mais baixa e com chassi mais curto, e a 57SC contava com compressor mecânico para atingir potências de até 230 cv. Lubrificação por cárter seco, amortecedores telescópicos e, nos últimos modelos, freios hidráulicos eram novidades do carro.
Sobre o chassi 57SC Jean criaria obras de arte como o Atlantic, cujo destaque era a "espinha dorsal" por toda a extensão do teto
As maiores e mais influentes criações estilísticas de Jean seriam criadas sobre o chassi 57SC. A mais famosa foi o 57SC Atlantic, com sua inconfundível "espinha dorsal", uma aba de junção rebitada em toda a extensão do teto. Jean inicialmente queria uma suspensão independente na dianteira, mas Ettore vetou-a pela aparência, em favor do tradicional eixo dianteiro usinado. A liberdade de Jean não era completa...
Outro fato curioso: o cabeçote do tipo 57 (bem como o do tipo 50, que veio antes) era na verdade uma cópia do que equipava o Miller 91. Jean comprou dois exemplares desse revolucionário carro de competição americano, com tração dianteira, para estudos. Harry A. Miller, o criador do carro, era por coincidência considerado o "Bugatti dos EUA", por ser também um engenheiro-artista.
Um tipo 57SC Atalante, uma das carrocerias mais belas de Jean Bugatti. Acabamento interno e externo impecáveis
Os dois Miller 91 foram resgatados da fábrica falida na década de 50 pelo historiador americano Griffith Borgenson, que os restaurou e doou ao Instituto Smithsonian de Nova York, de cujo acervo fazem parte até hoje.
O fim
Quando Ettore começou a criar carros, em 1899, Enzo Ferrari era um menino. William Lyons, da Jaguar, só criaria seu primeiro carro-esporte no final dos anos 30, quando a Bugatti já era uma marca de tradição. Mas em comum com esses dois pioneiros, uma infeliz história: todos criaram filhos com a intenção de torná-los seus sucessores. E, tragicamente, todos os três perderam esses filhos antes que pudessem fazê-lo de modo completo.
O motor de oito cilindros em linha, duplo comando e compressor do tipo 57SC. Note o acabamento e a beleza das peças. Uma verdadeira obra de arte, exposta como tal
Jean Bugatti morreu em 1939, com apenas 30 anos de idade, em um acidente ao testar uma versão de seu clássico tipo 57SC.
Ettore nunca se recuperou dessa dor. Em 1947, morreu com 66 anos.
Outro pioneiro, este contemporâneo de Ettore, também criou seu herdeiro e sucessor mas felizmente não o perdeu: Ferdinand Porsche.
Seu filho Ferry praticamente criou a marca Porsche e foi instrumental em sua sobrevivência como empresa independente.
A Ferrari é hoje da Fiat, e a Jaguar, após vários donos, da Ford.
No Brasil
Nos anos 70 e 80 foram produzidas, pela Tander Car, réplicas dos Bugattis tipo 35 e tipo 59, mas impropriamente impulsionadas por mecânica Volkswagen a "ar".
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A Bugatti fechou as portas em 1951, efetivamente sem direção. Os outros herdeiros de Ettore (Roland e as duas filhas, L'Ébé e Lidia) tentaram continuar a fábrica, criando o tipo 101 (um 57 modificado), de 1951, e o 251 de competição, de 1956, com motor central-traseiro, mas sem êxito. O 101, apesar de seguir as linhas dos cabriolets de sua época, possuía o desenho da dianteira nitidamente inspirado nos primeiros modelos de competição.
A trajetória da Bugatti e seu fundador forma um oposto exato da de outro pioneiro: Henry Ford. Enquanto Ford mostrou o caminho para as pessoas que realmente querem ganhar dinheiro fabricando automóveis, criando a produção seriada de carros idênticos, Bugatti mostrava o outro caminho, infelizmente de menor sucesso na maioria dos casos: a produção de obras de arte ambulantes, imagens vivas da imaginação de um criador obstinado a realizar seu sonho sobre rodas, não importando o preço que um dia viria a pagar por isso.
Os carros de Bugatti passaram à história como uma verdadeira coleção de obras-primas, cuja perfeição estética, para muitos, jamais será igualada - Clique para ampliar
Ninguém deve menosprezar a importância histórica de Henry Ford. Contudo, se observarmos em retrospectiva, veremos que alguns Fords -- assim como modelos de fabricantes com a mesma proposta -- são muito interessantes, outros até memoráveis, mas a maioria é no máximo banal ou, em alguns casos, medíocre. Já qualquer Bugatti, mesmo o pior deles, é como uma obra de arte: emocionante, inesquecível e com a marca inconfundível de seu criador.
De que forma você, leitor, preferiria ser lembrado?
História da Bugatti
Bugatti - The Legend
Bugatti EB110
Ettore Bugatti nasceu em 1881 na famosa cidade italiana de Milão. Sim, Bugatti era italiano, apesar de construir sua vida e sua famosa empresa na França. Nasceu em um ambiente que seria decisivo para seu futuro: uma família de artistas. Embora tivesse nascido, também, com aquela indefinida característica genética que causa o entusiasmo pelo automóvel, o meio artístico em que nasceu e foi criado teria uma profunda influência em sua vida. O pai de Ettore, Carlo Bugatti, é até hoje famoso por sua mobília artística. Desde garoto, apresentou aptidão para a mecânica. Aos 18 anos abandonou a Escola de Belas Artes de Milão, para desgosto do pai, e foi contratado como aprendiz na empresa Prinetti & Stucci, em sua cidade natal.
Lá participou de seu primeiro projeto automobilístico, um triciclo motorizado. A partir daí Bugatti passou rapidamente por várias empresas, até que fixou residência na cidade de Molsheim, na Alsácia francesa, onde conseguiu financiamento para desenhar o primeiro Bugatti: o tipo 10 de 1908. Desde o começo, mostrou um senso de estética e proporção até hoje impressionante.
Todos os componentes de seus veículos deviam, antes de funcionar bem, ter uma aparência impecável. Os motores sempre foram construídos em perfeitas formas geométricas, sem que nenhuma parte visível ficasse sem acabamento. Carros de competição se tornariam seu forte, visto que Ettore logo descobriu que os pilotos pagavam qualquer coisa por um veículo competitivo.
E, dotados de pára-lamas e pára-choques, esses modelos de competição se tornavam excelentes carros de passeio para os mais abastados. Um dos carros mais conhecidos de Ettore foi o imortal tipo 35, sua primeira obra-prima e um dos carros de proporções mais perfeitas já criados. Suas magníficas rodas de alumínio ficavam fora da carroceria, uma delicada e minimalista criação que escondia completamente seus componentes mecânicos e culminava com o hoje famoso radiador em forma de ferradura.
E não era só belo: equipado com um motor de oito cilindros em linha -- pela primeira vez na marca --, contava com comando no cabeçote e três válvulas por cilindro e girava extremamente alto para sua época. O modelo 35 teve longa carreira, de 1924 até 1931. Durante esses anos, 600 unidades foram construídas, venceu 1.800 corridas, tendo feito sua estréia no GP da França de 1924. Foi o transporte preferido dos playboys dos anos 20 (Isadora Duncan morreu em um deles, quando seu cachecol se prendeu a roda em movimento) e transformou a Bugatti numa marca respeitada e admirada.
Em 1927, um ano após a apresentação do Royale, que se tornou um divisor de águas dentro da empresa, a Bugatti inaugurava seu departamento próprio de carrocerias, onde Jean criaria obras nunca antes vistas. O Royale provou ser dificílimo de vender, situação que piorou com a quebra da bolsa de Nova York em 1929. Apenas seis carros foram criados em seis anos, de 1926 a 1931, mas três ficariam por décadas com a família Bugatti. O primeiro a ser vendido (chassi 41111) foi o lendário roadster encomendado pelo milionário francês Armand Esders.
Em 1931, Ettore já havia deixado a operação da fábrica sob a responsabilidade de Jean, então com apenas 22 anos. Quando uma greve estourou em 1936, Ettore, um homem que dirigia sua empresa como um senhor feudal, ficou extremamente abalado, a ponto de abandonar Molsheim e se exilar em Paris, onde passou a se concentrar no lucrativo negócio de trens. Os trens Bugatti são uma história a parte: eram vagões integrados à locomotiva, altamente aerodinâmicos e propelidos por uma combinação de dois ou quatro motores de oito cilindros em linha do Royale. Bateram vários recordes de velocidade, mantiveram-se em operação até 1958 e garantiram a sobrevivência da empresa durante a crise dos anos 30. Enquanto isso, Jean ficou livre para inovar em "sua" fábrica. Seu tipo 57 é provavelmente o melhor dos Bugattis clássicos e o mais vendido, 710 unidades. Quando Ettore começou a criar carros, em 1899, Enzo Ferrari era um menino. William Lyons, da Jaguar, só criaria seu primeiro carro-esporte no final dos anos 30, quando a Bugatti já era uma marca de tradição. Mas em comum com esses dois pioneiros, uma infeliz história: todos criaram filhos com a intenção de torná-los seus sucessores.
E, tragicamente, todos os três perderam esses filhos antes que pudessem fazê-lo de modo completo. Jean Bugatti morreu em 1939, com apenas 30 anos de idade, em um acidente ao testar uma versão de seu clássico tipo 57SC. Ettore nunca se recuperou dessa dor. Em 1947, morreu com 66 anos. A Bugatti fechou as portas em 1951, efetivamente sem direção. Os outros herdeiros de Ettore (Roland e as duas filhas, L'Ébé e Lidia) tentaram continuar a fábrica, criando o tipo 101 (um 57 modificado), de 1951, e o 251 de competição, de 1956, com motor central-traseiro, mas sem êxito. Dirigentes da Volkswagen confirmaram, durante o Salão de Genebra, que o superesportivo Bugatti EB 16-4 Veyron chegaria ao mercado em 2003. A Bugatti que durante décadas construiu os carros mais fascinantes de todos os tempos renascia sob o controle da Volkswagen AG, 90 anos depois de Ettore Bugatti ter apresentado seu primeiro modelo em Molsheim, na Alsácia.
Você Sabia?
* A sede da Bugatti Automobiles S.A.S. fica em Molsheim Château St. Jean, próximo a Estrasburgo, como no início da história da marca.
A personalidade de Ettore Bugatti é das mais fascinantes da história do automóvel, e, por sua versatilidade, relembra alguns caracteres bizarros e inteligentes da renascença, não domesticados pela dura rotina da técnica. Basta dizer que pelo menos durante 30 anos, o seu nome significou a personificação do espírito competitivo para os volantes desafiados por ele, um pilar de sabedoria técnica para todos os entusiastas europeus de corridas; uma portentosa habilidade mecânica como projetista, para os ricos consumidores de seus carros de prestígio firmado.
Tudo isso foi concebido por sua grande cabeça, sempre coberta por um chapéu de feltro, que era usado de acordo com seu humor. Inclinado, quando bem humorado; bem enterrado na cabeça quando estava agitado. De imaginação fértil permanente e incapaz de externar as irritações do cotidiano, sua falta de cuidado era famosa... Com. 16 anos, ele planejou, e construiu um triciclo revolucionário com dois motores; aos 46 anos, solicitou do governo italiano recursos necessários à construção do que poderia ser descrito como uma “espécie de submarino de ficção científica”, equipado com oito motores, e com o qual pretendia atravessar o Atlântico em 50 horas.
A marca francesa Bugatti foi fundada em 1909 pelo italiano Ettore Bugatti, localizando-a em Molsheim. A cidade de Molsheim encontrou-se sob o domínio do império alemão até 1919, altura em que seria restituída à França.
A marca ficou conhecida pela engenharia avançada nos seus primeiros carros e pelas vitórias em competição. Os carros da Bugatti obtiveram grande sucesso nas provas de competição, tendo o Bugatti Type 35 atingido mais de 2000 vitórias. A Bugatti venceu por duas vezes as 24h de Le Mans, tendo a última sido vencida em 1939 por Jean-Pierre Wimille e Pierre Veyron, tornando-se a mais conhecida devido à utilização de apenas um carro e baixos recursos.
A Bugatti viria a atravessar momentos difíceis com a morte de Jean Bugatti, filho de Ettore Bugatti em 1939. Devido à morte do filho, a fortuna da marca começou a declinar, mas foi com o início da II Guerra Mundial que a fábrica de Molsheim foi à falência. Durante a guerra, Ettore Bugatti planeou uma nova fábrica e desenhou uma nova série de carros, não chegando a concretizar os planos, devido à sua morte em 1947. Durante este período, diversos investidores tentaram salvar a Bugatti, mas sem efeito, continuando esta a produzir peças para aviões.
Em 1987 a Bugatti passa para controlo Italiano, construindo uma fábrica na Itália em Campogalliano, perto de Modena. Em 1991 é apresentado o novo Bugatti EB110 da obra dos designers da Lamborghini: Paolo Stanzani e Marcello Gandini. Devido à recessão da economia Americana e Europeia, a fábrica volta a fechar em 1995.
Em 1998 a Volkswagen consegue o direito de produzir carros sob o nome da marca Bugatti. A Volkswagen apostou na criação de protótipos, mas é em 2000 que apresenta o protótipo: Bugatti EB 16/4 Veyron, um carro com um motor de 16 cilindros em W, com 1001 CV, atingindo uma velocidade máxima de 407.5 km/h. O novo Bugatti Veyron 16.4 entraria em produção nos finais de 2005.
História da Bugatti
"Seus carros são realmente ótimos, Monsieur Bugatti, mas para um verdadeiro gentleman, somente os Rolls-Royces são adequados."
Quando ouviu essa afirmação em uma reunião social no início dos anos 20, Ettore Bugatti não ficou revoltado como se era de esperar. Uma pessoa obviamente inteligente, Bugatti logo começou a pensar nos motivos que levaram aquela linda jovem bem nascida a dizer tal coisa.
Ettore Bugatti, o criador das lendas, abandonou o curso de artes e foi dedicar-se a sua paixão pelos automóveis
Os Rolls-Royces, apesar de tecnicamente inferiores aos Bugattis, tinham já àquela época qualidade e confiabilidade incríveis. Carros enormes, relativamente velozes e caríssimos, os Rolls eram a escolha preferida da nobreza européia, e portanto a jovem não deixava de ter razão. Bugatti resolveu então que não aceitaria passivamente essa situação. Discussões inúteis não valeriam a pena: Ettore iria construir sua resposta.
O resultado disso foi o tipo 41 "La Royale" ou, como é mais conhecido, o Bugatti Royale. Um dos carros mais lendários já criados, por seu glorioso exagero nas especificações, o Royale conseguiu duas coisas: colocar a Bugatti num patamar acima da Rolls-Royce, como pretendido, e apontar à empresa uma direção que a levaria, em última instância, à falência.
O nascimento da marca
Ettore Bugatti nasceu em 1881 na famosa cidade italiana de Milão. Sim, Bugatti era italiano, apesar de construir sua vida e sua famosa empresa na França. EB nasceu em um ambiente que seria decisivo para seu futuro: uma família de artistas. Embora tivesse nascido, também, com aquela indefinida característica genética que causa o entusiasmo pelo automóvel, o meio artístico em que nasceu e foi criado teria uma profunda influência em sua vida.
Ettore ao volante de um protótipo do Royale, até hoje o mais longo automóvel já produzido - Clique para ampliar
O pai de Ettore, Carlo Bugatti, é até hoje famoso por sua mobília artística. Seu irmão mais novo, Rembrandt, ficou conhecido por suas esculturas de animais fundidas em bronze. A mais famosa delas é o elefante que adornou o enorme radiador do Royale.
Bugatti, desde garoto, apresentou aptidão para a mecânica (uma história repetitiva; qual pioneiro do automóvel não tinha?). Aos 18 anos abandonou a Escola de Belas Artes de Milão, para desgosto do pai, e foi contratado como aprendiz na empresa Prinetti & Stucci, em sua cidade natal. Lá participou de seu primeiro projeto automobilístico, um triciclo motorizado. A partir daí Bugatti passou rapidamente por várias empresas, até que fixou residência na cidade de Molsheim, na Alsácia francesa, onde conseguiu financiamento para desenhar o primeiro Bugatti: o tipo 10 de 1908.
Dez milhões de dólares
Os Bugattis Royale raramente são postos à venda. Como são carros famosos, historicamente importantes e raríssimos (apenas seis existem), quando alguém resolve vender um, casas de leilão se entusiasmam, fortunas estremecem e todos esperam o momento em que uma quantidade exorbitante de dinheiro trocará de mãos.
Na última vez em que isso aconteceu, num leilão no Royal Albert Hall em 1987, o colecionador americano Miles Collier vendeu seu Royale para o sueco Hans Thulin por quase oito milhões de dólares, o valor mais alto pago por um carro até hoje.
Esse Royale foi um dos que Ettore Bugatti manteve consigo até o final de sua vida, e pertenceu também ao milionário americano Briggs Cunningham.
Agora, a casa de leilões Bonhams & Brooks (a terceira do mundo) foi contatada para revender o mesmo carro, agora em "venda privada", ou seja, pessoas possivelmente interessadas serão contatadas pessoalmente pela casa de leilões e a venda se dará em sigilo. Espera-se que o Royale troque de mãos novamente por não menos que 10 milhões. De dólares... Nada mau para o que é, para todos os efeitos, um carro usado com 71 anos de idade.
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Desde o começo, Bugatti mostrou um senso de estética e proporção até hoje impressionante. Todos os componentes de seus veículos deviam, antes de funcionar bem, ter uma aparência impecável. Os motores sempre foram construídos em perfeitas formas geométricas, sem que nenhuma parte visível ficasse sem acabamento. Até os fundidos eram usinados para um acabamento impecável, mesmo nas superfícies não-funcionais.
O tipo 35, primeira obra-prima de Bugatti: rodas de alumínio com freios integrados, motor de 8 cilindros em linha e 3 válvulas para cada um
Ettore Bugatti
Ettore Arco Isidoro Bugatti (Milão, 15 de setembro de 1881 - Paris, 21 de agosto de 1947) foi um projetista e construtor de automóveis italiano. Seu pai, Carlo Bugatti, era um famoso escultor e um respeitado artista carpinteiro.
Vida
Quando terminou seus estudos, e uma pequena estadia na Academia de Arte, em Milão, Ettore Bugatti iniciou suas criações com bicicletas. A juventude da família Bugatti era especialmente fascinada pela tecnologia e pela mecânica automobilística. Aos 17 anos, Ettore equipou um triciclo com um motor, e logo após seguiu com outro triciclo dirigido por dois motores DeDion. Quase no final do século, Ettore Bugatti participou de uma corrida com seu primeiro veículo.
Em 1901, Ettore Bugatti apresentou o primeiro automóvel feito por ele mesmo, exposto na exibição internacional em Milão. Ele construiu o veículo com a ajuda dos irmãos Gulinelli, onde recebeu o premio "T2" pelo Automobile Club de France. Seguido de algumas dificuldades iniciais, o direito de produção de veículos foi da companhia Dietrich. Devido o fato de que ele tinha menos de 21 anos, seu pai assinou o contrato com Dietrich, nos anos seguintes, Ettore Bugatti desenvolveu cinco modelos adicionais para a companhia Deutz AG.
A companhia Dietrich não estava satisfeita com o tempo que Ettore demorava em desenvolver e criar um carro de corrida, na opinião da companhia negligenciava a produção em massa. Seu contrato com a Dietrich foi consequentemente encerrado. Ettore Bugatti começou a trabalhar para Emil Mathis, onde desenvolveu um novo automóvel com motor de quatro cilindros.
Como com a companhia Dietrich, o relacionamento com Emil Mathis teve o mesmo resultado. Não desmotivado pela rejeição, ele continuou trabalhando em seus sonhos, desenvolvendo carros de corrida, agora sem nenhuma restrição de contratos, em 1906 desenvolveu um automóvel com um motor de 50 hp. Em julho de 1907, ele ofereceu este para Deutz, uma companhia que construía motores a gasolina. Ele obteve licença para construir carros, e Bugatti foi nomeado líder do departamento de produção no Cologne. Trabalhando em seu tempo livre no porão de seu apartamento, desenvolveu seu primeiro Model 10 "Pur Sang".
O terceiro filho de Ettore, chamado Jean, nasceu em 15 de Janeiro de 1909. Neste ponto, com o suporte do banqueiro Vizcaya, Bugatti abriu sua própria empresa na cidade de Molsheim, na região da Alsácia, hoje parte da Alemanha. Com isso ele garantiu um empréstimo no banco Darmstaedter, para construir dez automóveis e cinco motores de avião.
As primeiras máquinas pela fábrica em Molsheim foram entregues em janeiro de 1910. Cinco automóveis foram construídos e vendidos no mesmo ano. Ernst Friedrich, assistente de Ettore por um longo tempo, começou a pilotar nas corridas neste mesmo ano, construindo durante os anos seguintes o legendário sucesso da Bugatti nas corridas.
Ettore Bugatti celebrou a série de corridas ganhas em 1911. Surpreendendo todos com o segundo lugar no Grande Prêmio da França, onde o Model 10 foi muito bem sucedido como o mais potente carro de corrida. No mesmo ano, Bugatti assinou um contrato com a fabricante de automóveis Peugeot para a produção do "Bébé Peugeot", com o motor Bugatti Model 19. O "Bébé" foi um grande sucesso.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Ettore Bugatti desenvolveu motores de avião para os governos francês e americano. Com o dinheiro ganho nestes motores, conseguiu capital suficiente para prosseguir com suas operações em Molsheim após o final da guerra. A produção foi ampliada e o número de empregados chegou a mais de mil.
Primeiro, segundo, terceiro e quarto lugar - esse era o time da Bugatti estabilizado no Voiturettes Grand Prix, em Brescia. Esta formidável e convincente vitória imortalizou o pequeno Model 13. A partir desta grande vitória, todos os motores 16 válvulas construídos por Bugatti carregaram o nome Brescia.
O modelo 29/30 foi o primeiro carro de corrida que ele equipou com 8 cilindros, adicionando freios hidráulicos e revolucionando com um chassi construído em forma de charuto. Este carro foi pilotado pela primeira vez em 1922 no ACF Grand Prix. O carro terminou a corrida em segundo lugar.
Bugatti causou muita excitação em 1923 no ACF Grand Prix, em Tours. Como em 1922, com o "Charuto", novamente introduziu um carro com um revolucionário chassi - uma carroceria que cobria as rodas. Chamado de "Tank", ficava mais próximo do chão e incorporava o motor de 8 cilindros. Com Ernst Friedrich no volante, o "Tank" terminou a corrida em terceiro lugar.
Ele retorna com seu tradicional chassi, o Model 35 com 8 cilindros. Foi o primeiro carro a correr com as famosas rodas de alumínio. A capacidade do motor foi aumentada para 2.3 litros.
Ettore Bugatti sonhava com a construção perfeita, mais luxuosa possível. Com a introdução do "Royale" em 1926, ele finalmente havia realizado seu sonho. Até hoje o "Royale" é o mais expressivo automóvel de todos os tempos. O motor de 8 cilindros com 12.7 litros tem a potência de 300 hp. Infelizmente este legendário carro foi introduzido no ponto errado da história, pois o mundo entrava em uma grande depressão, onde somente três destes magníficos carros foram vendidos, o "Royale" quase causou a ruína de Ettore e sua companhia.
Durante os difíceis anos de depressão econômica, Ettore ganhou um contrato para construir um novo e veloz trem para o governo francês. Bugatti começou a fabricar vagões de trem, encontrando utilidade para o motor de tecnologia superior do "Royale". Instalando estes grandes motores nos trens, ele não só satisfazia o governo francês, mas também estabilizava sua companhia abalada financeiramente. Isto mostrava que ele não era apenas um sonhador, mas também um ótimo homem de negócios. Com exceção dos trens, o único automóvel que continuava em produção no início de 1930, foi o Model 57. Este sedan foi sua última grande produção bem sucedida, com cerca de 750 unidades produzidas e vendidas.
O ano de 1936 mudou a vida de Bugatti para sempre. Seus empregados decidiram iniciar uma greve por melhores salários e condições de trabalho. Ele que sempre teve um relacionamento especial com seus empregados, pagando altos salários e benefícios sociais, sentiu-se insultado pessoalmente pelos empregados, e se retirou de sua companhia. Ele se distanciou de seus empregados, preferindo trabalhar quase sempre através de seu escritório exclusivo em Paris. O trabalho amigável em Molsheim consequentemente nunca mais retornou após a greve.
Com a vitória em 1937 na Le Mans, ele novamente presenciou a emoção que seu time possuía em 1920. Os pilotos Jean Pierre Wimille e Robert Benoist ganharam à corrida no Model 57 G "Tank".
No final da década de 1930, Ettore Bugatti se encontrava em uma grande dificuldade financeira. Entretanto, seu filho Jean, o convencia a disputar novamente com seu time em Le Mans. Utilizando o chassi da série 57 com compressor, similar as "Tank" como já havia pilotado na vitória de 1937 em Le Mans, os pilotos Jean Pierre Wimille e Pierre Veyron, com somente um veículo disponível, eram capazes de ganhar esta importante corrida. A vitória de 1939 em Le Mans foi a última grande vitória para Ettore Bugatti. Em 11 de Agosto de 1939, o designado sucessor de "Patron", seu filho Jean, foi morto durante um teste com o mesmo carro que havia ganhado a corrida de Le Mans semanas atrás. Alguns dias depois, se iniciou a Segunda Guerra Mundial.
Após o término da guerra, vários esforços foram feitos para retomar a produção em Molsheim. A situação financeira tornou a nova linha de produção dos produtos de Ettore impossível. Em 21 de agosto de 1947, aos 66 anos, Ettore Bugatti morreu devido à uma infecção, em um hospital militar em Paris. Contudo, somente 7.900 automóveis foram construídos enquanto ele controlava a companhia, alguns destes veículos sobreviveram e são produzidos hoje em dia - prova da genialidade de Ettore Bugatti e sua contribuição para a história do mundo automobilístico.
Após a morte de Ettore e Jean, seus outros filhos tentaram manter a fábrica, mas sem sucesso, fechando suas portas em 1951. Em 1987, o italiano Romano Artiolli resolveu ressuscitá-la. Da fábrica construída em Campogalliano (Itália) saía o monumental EB110. Mas problemas financeiros e a gestão desastrosa de Artiolli (que chegou a comprar a falida Lotus da GM) levaram a marca novamente para o buraco. Em 1998, a Bugatti era vendida para o grupo Volkswagen, que se prepara para lançar o superesportivo Veyron, construído na nova fábrica de Molsheim, na Alsácia.
Bugatti
Bugatti é uma marca de automóveis fundada por Ettore Bugatti em 1909, com sede na cidade francesa de Molsheim, na Alsácia. Depois de muitos altos e baixos, ela passou para o controle italiano em 1991, com sede em Modena, onde foram montadas várias unidades do modelo EB 110. Mas a aventura durou pouco e logo a marca entrou em falência. Em 1998 os direitos sobre a Bugatti foram adquiridos pelo Grupo Volkswagen, que por enquanto só introduziu a produção em série de um modelo: o Bugatti Veyron.
Especula-se que o próximo modelo da marca terá quatro lugares, usará uma plataforma exclusiva e usará o motor do Veyron, mas posicionado na dianteira.
Um de seus modelos, o T35 (Tipo 35), iniciado em 1924, é considerado o maior vencedor de corridas de todos os tempos, atribuindo-se-lhe 1850 vitórias em competições.
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