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terça-feira, 2 de julho de 2013
Onde estão nossos esportivos? – Parte 2
Seguindo em frente com as lembranças automotivas iniciadas na semana passada, hoje vamos dar uma olhada nos esportivos da década de 90, época da abertura das importações, e que viu a chegada de BMW, Audi, Mitsubishi, Alfa, Subaru e outras marcas de renome. Vista em perspectiva, essa situação ajuda a desmistificar um pouco a desculpa de que hoje não temos mais esportivos nacionais simplesmente porque os importados tomaram seu lugar. Na verdade, esse lugar continua vago, como você verá a seguir.
Começando pelo Gol, o destaque vai para o GTI, o primeiro carro nacional com injeção eletrônica lançado no finalzinho dos anos 80. O hatch se tornou o mais rápido do Brasil e vinha equipado com o motor de 2,0 litros, 120 cv brutos e o já conhecido acabamento esportivo caprichado, com bancos Recaro, estofamento cinza e escapamento Kadron. Inesquecível.
Na geração seguinte, a bolinha, a versão iria se despedir do mercado com o Gol mais potente já fabricado: o GTI 16V. O motor alemão de 2,0 litros, comando multiválvulas e com 145 cv brutos aliados ao baixo peso deu origem a um verdadeiro mito urbano. A velocidade máxima passava dos 200 km/h, além do charme do ressalto sobre o capô e do estofamento bicolor opcional.
Antes, ainda na linha Volkswagen, o GT se transformou em GTS e seguiu firme como carro-esporte. A versão com comando bravo e aproximadamente 105 cv brutos (reais) era mais acessível que o irmão eletrônico, e fez fama nas mãos de preparadores. Seu sucessor foi o TSi, que já não aparentava nenhum outro diferencial, além das rodas e spoilers, apesar de ter tido uma versão com motor 2.0.
O Kadett GS – depois GSi – era algo realmente interessante. O projeto europeu trazia as linhas mais modernas do mercado nacional na época, e naturalmente esportivas. Aliás, até hoje são belos carros. Ele recebeu um motor de 2,0 litros e 110 cv (com injeção 120 cv), molas e amortecedores recalibrados, relação de marchas mais curta e o inédito sistema com bolsas de ar na parte traseira. Por dentro, seu painel digital impressionava. Por fora, a versão conversível foi provavelmente o mais exclusivo carro de série da GM brasileira: sua carroceria era enviada até o estúdio Bertone na Itália para ser modificada, e só então retornava ao Brasil para a montagem final.
Outro ícone europeu que chegou na metade da década foi o Corsa GSi. O foguetinho que revolucionou o mercado de populares no Brasil trazia um moderno motor Opel de 1,6 litro, 16 válvulas e 108 cv. O bloco feito na Hungria estava bem à frente de outros produtos da marca por aqui, e o desempenho fazia jus à sigla: 0 a 100 km/h em pouco mais de 9 segundos e velocidade máxima na casa dos 192 km/h.
E tinha mais. Quem se lembra do Vectra GSi? O motor de 2,0 litros e 16 válvulas com pistões forjados despejava nada menos do que 150 cv no asfalto. Os 100 km/h eram atingidos em 8,5 segundos, e a velocidade máxima de 207 km/h o tornou o mais veloz do país. As rodas de 15 polegadas viraram febre na época.
Na Ford o XR3 seguiu a linhagem, mas recebeu um coração novo após a criação da Autolatina. O motor idêntico ao do Gol GTS casou bem com o ótimo acabamento e deu vida nova ao modelo. Em 1992 a série Formula fez sucesso com os amortecedores eletrônicos.
No ano seguinte ele recebeu uma reformulação, motor de 2,0 litros e freios a disco nas quatro rodas. Particularmente não é minha geração favorita, mas muita gente considera esse o seu ápice. Cinco anos mais tarde a RS chegou ao mercado, mas como era idêntica mecanicamente às outras versões, vamos deixá-la em segundo plano, apesar do elogiável motor Zetec.
A Fiat teve nos anos 90 uma trajetória com grandes lançamentos. O Uno 1.5 R se tornou 1.6 e deu lugar a um verdadeiro mito: o Turbo i.e. Esse sim, o primeiro nacional turbinado de fábrica, provocava palpitação pelas ruas, a começar pelas cores: preto, vermelho e amarelo. A opção verde viria mais tarde. Todas elas traziam para-choques gulosos, e foram fabricadas em números bem limitados.
O bloco de 1,4 litro e 114 cv entregava esportividade de sobra a um carro tão pequeno e leve. Imagine um Uno chegando aos 195 km/h? E não era só isso. Painel completo com fundo vermelho, a mesma cor dos cintos de segurança, e um kit estético primoroso faziam com que fosse reconhecido de longe.
Nessa esteira da novidade surgiu o Tempra Turbo. O modelo de duas portas entregava 165 cv, rugia como um trovão acima dos 3 mil giros e chegava aos 220 km/h. A suspensão foi toda redimensionada para maior potência e comportamento esportivo. A versão Stile tinha o mesmo desempenho, mas com um toque de classe – ou caretisse, dependendo do gosto.
No final da década o Marea Turbo chegou como um sinal de que a Fiat realmente prezava aqueles que escolhem seu carro pela potência e nervosismo do motor. Equipado com um cinco cilindros de 2,0 litros e 182 cv, trazia as características entradas de ar no capô, painel com fundo branco e pedaleiras. Bastava enfiar o pé no acelerador para escutar o ronco único da turbina em funcionamento, sempre com relativa discrição visual.
Acabou? Que nada. O Tipo bravo, chamado Sedicivalvole, com motor de 2,0 litros, 16 válvulas e 137 cv era outra arma da marca italiana. Ele podia ser reconhecido pelas saias laterais e detalhes vermelhos. No interior bancos esportivos e emoção de sobra para destacar da versão comum que chegou a ser o carro mais vendido no Brasil, mesmo sendo importado, até que uma série de incêndios acabasse com sua reputação.
Muitos desses modelos descritos acabaram destruídos em rachas ou caíram na mão de proprietários que não deram o valor que eles mereciam.
Olhando todas essas opções, custa acreditar que esse mercado é tão pobre em opções mais apaixonantes hoje em dia. Aliás, o pessoal falou sobre os esportivos das décadas de 60 e 70. Fiquem tranqüilos. Eles terão um tópico especial. Afinal, deram o pontapé inicial para toda essa brincadeira.
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