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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Os ladrões de banco que escreveram cartas de agradecimento ao fabricante de seus carros de fuga




Já não se faz nem criminosos como antigamente. Dá pra imaginar um ladrão de bancos mandando uma carta à Ford elogiando seus carros? Pois foi exatamente o que John Dillinger e Clyde Barrow fizeram há mais de 80 anos, quando escreveram, cada um ao seu jeito, cartas a Henry Ford.

O primeiro deles foi Clyde Barrow. Você talvez não esteja associando o nome ao criminoso, mas ele formava dupla com sua namorada Bonnie Parker, e ambos ficaram mais conhecidos como Bonnie & Clyde. Juntos de sua gangue, o casal ganhou destaque por sua onda de crimes que aterrorizou a região central dos EUA.

A principal atividade da Barrow Gang era roubar lojas e bancos, e obviamente eles precisavam de algo possante para fugir das autoridades. A julgar pelo período de atuação da gangue, Clyde sabia escolher seus carros: eram sempre os modelos V8 da Ford, quase sempre o Model 18, equipado com o novo motor flathead 3.6 de 66 cv (aquele que impulsionaria os hot rods duas décadas depois).

Segundo a lenda, Clyde sentia tanta confiança nos carros da Ford, e gostava tanto deles, que teria escrito uma carta de agradecimento a Henry Ford, elogiando seus produtos. O conteúdo da suposta carta é o seguinte:


Tulsa Oklahoma

10 de abril

Sr. Henry Ford

Detroit, Michigan

Prezado senhor:

Enquanto ainda tiver fôlego em meus pulmões direi que belo carro você faz. Sempre dirijo Fords quando preciso fugir de alguém. Com a velocidade e a confiabilidade do Ford, acabo com todos os outros carros, e mesmo que meu trabalho não seja estritamente legal, não é demais dizer que grande carro é esse seu V8.

Cordialmente

Clyde Champion Barrow


Quarenta e três dias depois de escrever a carta, em 23 de maio de 1934, Bonnie e Clyde foram emboscados pela polícia, que disparou uma rajada de balas contra o Ford Modelo 40 (a versão mais potente, com 86 cv) no qual fugiam.



O casal morreu a bordo de um dos carros que tantas vezes lhes garantiu a liberdade impune. A carta está exposta no Ford Museum, mas sua autenticidade é questionada desde sempre.

Uma semana antes da morte de Bonnie e Clyde, no dia 16 de maio de 1934, um outro famoso ladrão escrevera uma carta de agradecimento a Henry Ford. Seu nome era John Dillinger, e se você já assistiu ao filme “Inimigos Públicos” (Public enemies – 2009), com Johnny Depp e Christian Bale, já conheceu bem sua história. Se ainda não viu, Dillinger era um gângster ladrão de bancos que também sempre usava os V8 Ford (em sua maioria os cupês e sedãs do Modelo B) para garantir a fuga dos tiras.

Ele acabou preso após um roubo a banco em janeiro de 1934 e foi levado à prisão de Crown Point, sob a custódia da xerife Lilian Holley. A xerife se orgulhava da alta segurança de sua prisão, dizendo que ela era “inviolável”.

Pois bem, esse orgulho da xerife Holley começou a desmoronar em 3 de maio de 1934. John Dillinger esculpiu uma arma de madeira usando uma lâmina de barbear e o pedaço de uma prateleira e rendeu um dos funcionários da prisão. Como se não bastasse, ele ainda roubou o Ford V8 da juíza para completar a fuga.



Dillinger se reuniu ao seu bando e seguiu pelo meio-oeste americano uma onda de crimes por Winsconsin e Minnesota, com direito a tiroteios com os policiais. Tudo a bordo do V8 da juíza, que teria jurado matar Dillinger com sua própria pistola, caso o encontrasse novamente.

No dia 6 de maio, após sua fuga, John Dillinger decidiu agradecer Henry Ford por ter feito aquele belo Modelo B V8. Em Minneapolis, Minnesota, ele escreveu o seguinte:

Prezado sr. Ford

Quero lhe agradecer por ter feito o Ford V8 assim tão rápido e robusto, ou eu não teria conseguido me livrar dos tiras naquele episódio em Winsconsin e Minnesota.

Espero um dia poder agradecê-lo pessoalmente

John Dillinger

A carta de Dillinger ficou escondida durante 75 anos, e foi encontrada em cópia pelo pessoal do Jalopnik US nos arquivos da pasta de Henry Ford no FBI pela lei americana de acesso à informação. Os caras entraram em contato com a Ford, que não conhecia a existência da carta, mas pesquisou seus arquivos históricos e confirmou que ela foi realmente recebida por Ford em 1934.







Dillinger também morreu em 1934, no dia 22 de julho — 78 dias depois de escrever sua carta. Ele foi emboscado pela polícia em um cinema com a ajuda de uma amiga de sua namorada que estava com problemas de imigração da Romênia. Por isso ela fez um acordo com o FBI para entregar Dillinger. Ao sair do cinema, Dillinger foi baleado três vezes pela polícia e morreu no local com um dos tiros acertando seu coração. A moça, Anna Cumpanas, acabou deportada dois anos depois.


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