Poucos lançamentos foram tão aguardados quanto o do Pointer. Seguidamente adiado, era "o futuro mais bonito VW nacional", nas palavras de quem tinha participado do projeto, em pleno vigor da Autolatina, joint venture entre as filiais brasileiras da Ford e da Volks em 1986. Em 1990, o VW Apolo foi o primeiro fruto a ultrapassar a esfera da mecânica do projeto na Autolatina. Essa versão VW do Ford Verona abriu um precedente para o Ford Versailles, baseado no Santana, e uma caprichada dupla de derivados da segunda geração do Escort nacional. Em vez de maquiar um Verona com acabamento VW, a marca alemã decidiu lançar dois produtos que sinalizassem a personalidade de sua linha.
O primeiro foi o sedã de duas portas, o Logus, de 1993. E, para adicionar as duas portas extras e ainda distinguir-se do sedã Verona, a VW criou um hatch. O nome captava a essência esportiva que a Volks queria enfatizar: Pointer, mesma designação usada na versão esportiva do Passat entre 1986 e 1989.
Capitaneada pelo GTi, top de linha, o modelo prometia. O design era seu cartão de visita. Em relação ao Logus, a grade ficou mais estreita com os faróis de longa distância embutidos, atrás da lente dos faróis normais. Mas era atrás que ficava o maior atrativo do Pointer. Tinha estilo nitidamente dois-volumes. O caimento das colunas traseiras tinha suavidade nada típica da marca na época. Assim como o Logus, o Pointer não lembrava um Ford nem um Volks. Porém, dificilmente alguém diria que faltava beleza.
Em dezembro de 1993, três meses antes da previsão de lançamento, QUATRO RODAS levou o GTi para a pista. Já na pré-série notaram-se algumas falhas. A principal delas era quanto ao escalonamento das marchas, especialmente a quinta. Ela era excessivamente curta e limitava a velocidade máxima, que não passava de 182,1 km/h e gerava alto nível de ruído interno (72,2 decibéis a 100 km/h) por causa das altas rotações. Havia também um desequilíbrio na distribuição de peso - 730 quilos na frente e 460 atrás -, o que causava saída de frente.
Para sanar os problemas, a Volkswagen adiou o lançamento. A engenharia retrabalhou o escalonamento de marchas e a injeção eletrônica analógica foi trocada por uma digital, que deixou as partidas mais rápidas. No teste com o GTi definitivo, em julho de 1994, o nível de ruído caiu para 70,5 decibéis e a a máxima subiu para 192,3 km/h. Era pouco, pois um preço bem menor, o Logus 2.0 marcaria 194,2 km/h. Além da versão top-de-linha, havia os Pointer mais simples: CL 1.8 e GL 1.8 ou 2.0. O GTi trazia ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, toca-fitas com equalizador de série e CD player e teto solar opcionais.
Ainda em 1996 o Pointer sofreria seu último revés, com o fim da Autolatina. "Se eles mantiveram as peças de reposição por três anos foi muito. Partes da carroceria e componentes elétricos, só em desmanche", diz o paulistano Marcos de Paula Albino, dono do GTi 1996 das fotos. Com 57 098 exemplares fabricados até junho de 1996, o Pointer nem completara seu terceiro aniversário quando virou história. Uma história breve, pontuada por imprevistos, sem igual.
TesteQuatro rodas JULHO DE 1994
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,73 s
Velocidade máxima: 192,3 km/h
Frenagem 80 km/h a 0: 29 m
Consumo: média de 10,03 km/l
Preço
JULHO DE 1994
US$ 30 000ATUALIZADO
US$ 41 599
Ficha técnica
Pointer GTI
Motor: dianteiro, 4 cilindros em linha, 1 984 cm3, injeção eletrônica multipoint FIC digital
Diâmetro x curso: 82,5 x 92,8 mm
Taxa de compressão: 10:1
Potência: 116 cv a 6100 rpm
Torque: 17,4 mkgf a 3000 rpm
Câmbio: manual de 5 velocidades
Carroceria: hatch, 5 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 408 cm; largura, 160 cm; altura, 136 cm; entreeixos, 253 cm
Peso estimado: 1190 kg
Rodas: liga leve, aro 14 e tala de 6 polegadas; pneus Goodyear NCT 185/60 HR 14
As lanternas traseiras eram vistosas, como as do Polo e Golf alemães
No GTi sobrava requinte: bancos Recaro e ar-condicionado de série
Sofisticação no rádio com equalizador
O motor 2.0 era barulhento por trabalhar em alta rotação
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