Caçula endiabrada
. Ao se tornar uma 55, a pequena SLK não foge à regra: ela ganha um motor V8 de 5.5 litros que entrega 421 cv e brutais 55,1 kgfm de torque – é o mesmo usado nas AMG mais fortes, só que sem turbo. Tudo isso com a opção de andar sem capota. Entendeu por que fiquei de cabelo armado?
“Nada de desligar o ESP!”, avisavam os caras estavam certos, pegou pesado ao dar tanto poderio para essa nave. Não fossem os controles eletrônicos segurando o ímpeto dos 421 cv despejados nas rodas traseiras, em alguma hora ela ia fazer a gente ver o mundo ao contrário. Como não queria correr esse risco (vai que ela não me liga mais?), só acompanhava a luzinha do ESP piscando desesperadamente enquanto eu ficava o pé no acelerador nas saídas de curva da pista.
A primeira coisa que me chamou atenção foi como a SLK 55 é comedida nos gastos. O “V8tão” tem até sistema start-stop, que desliga o motor nas paradas de semáforo e do trânsito. Na cidade, foram bons 7,5 km/l de consumo médio – lembrando que ela só bebe gasolina, e de preferência Premium. Esse apetite moderado, junto com a vontade de ver qual era a dela na estrada, me levaram a viajar até Juquehy, uma simática cidade de praia no litoral norte paulista. E eu não estava errado: no trecho rodoviário consegui média de 11,1 km/l.
Com a capota baixada, a capacidade diminui de 335 para somente 225 litros no porta-malas. Depois, comentou da suspensão dura e dos rodões aro 18. “Nossa, ela bate em qualquer buraquinho”. Sim, não tem jeito. Só sendo firme assim para acompanhar os 421 cv quando eu resolvesse meter o pé no meio de uma curva. Mas logo o asfalto da estrada chegou, muito mais bem tratado que o da cidade, e as coisas ficaram mais divertidas. Vamos acel…ops, antes tenho de parar no acostamento – para abrir a capota, que não aceita a operação a mais de 5 km/h.
A abertura é “espetaculosa”: um engenhoso sistema elétrico dobra e guarda a capota rígida no porta-malas em 20 segundos. Se você fizer isso no meio do trânsito, junta gente em volta. Capota guardada, vamos em frente. Ao ar livre, não sei o que empolga mais: o vento no rosto ou o V8 borbulhando ali atrás pelas quatro saídas de escape. Um ronco forte, estrondoso até, que arrepia mesmo os mais enturmados com a coisa. E como essa SLK anda! Bom, nem preciso dizer que as ultrapassagens soavam como covardia para os demais carros – 80 a 120 km/h em 3,1 segundos! Bastava afundar o acelerador, puxar a direção para o lado e ver o mundo ficando para trás. Em nossas medições, as passagens com o ar-condicionado ligado não fizeram a mínima diferença (por isso o N/A na ficha de testes).
Trocando o modo “Comfort” do câmbio para “Sport” e logo notei a SLK mais nervosa. Em vez de deixar o câmbio automático em marchas altas (são sete), a opção esportiva mantém sempre marcha baixa e o giro elevado, para prontas respostas. Cuidado: a 120 km/h, essa AMG parece devagar, e o velocímetro está com agulha apenas reta – só começa a subir acima disso. Só que a velocidade cresce assustadoramente mesmo que você já esteja acima do limite legal, com o motor engolindo marcha e fazendo um estrondo a cada troca. Para se ter ideia do poderio dessa “Merça”, nosso teste de 0 a 100 km/h levou somente 5,4 s!
O modo mais divertido é o “manual”. Aí você comanda as sete marchas com puxadas nas belíssimas alavancas de metal (que lembram as das Ferrari) atrás do volante. Funciona bem numa condução esportiva, e as mudanças são até rápidas nas subidas de marcha, mas nada que se compare a um sistema de dupla embreagem – coisa que a AMG só oferece no top SLS. Da mesma forma, o câmbio automático da Mercedes não aceita reduções radicais, exigindo que se deixe cair mais o giro antes de executar a manobra.
Com os controles ligados, a estabilidade dá e sobra. Mesmo em condições de chuva, a alemã se mostrou sempre à mão e bem presa ao chão. Apesar de longa, a dianteira é obediente e a direção pesada ajuda a manter as coisas em ordem quando se está rápido, embora pudesse ser um pouco mais comunicativa. A suspensão firme garante que a carroceria não balance muito nos desvios velozes e nem incline nas curvas. Mas a SLK 55 é tão forte que a traseira rabeia nas arrancadas, ainda que a eletrônica esteja ativa. Com o ESP desligado, é preciso perícia (e uma pista fechada) para encontrar o ponto de fazer uma derrapagem controlada ou protagonizar uma bela rodada.
Passando do lado nervoso para o luxuoso da coisa, a SLK encanta pelo painel finamente revestido de couro e pelo farto uso de alumínio, sem falar nos bancos com múltiplos ajustes elétricos. O sistema de som também é chique e potente, da Harman/Kardon, mas confesso que usei pouco – preferi o ronco do V8. O equipamento mais bacana desse roadster, no entanto, é o chamado airscarf, um sistema de ar quente com saídas na altura da nuca dos ocupantes. Assim, você pode andar de capota aberta mesmo em dias frios.
Com quebra-molas inversamente proporcionais ao tamanho da cidade, a 55 AMG me surpreendeu pela forma como superou os obstáculos. Nada de pegar a dianteira baixa ou as saias laterais – apenas algumas leves raspadas embaixo. O único incômodo a bordo eram as chacoalhadas da cabine ao passar nos pisos ruins, mas aí não é culpa do carro, passar com um esportivão de US$ 239.900 (pouco mais de R$ 480 mil) naquele lugar. No geral, dá para dizer que essa AMG encara uma utilização diária numa boa, com muito desempenho e o apelo irresistível da curtição a céu aberto. Para os dias de fúria, porém, a AMG favorita ainda é outra – a C63 Black Series. Mas deixa eu falar isso baixo para a SLK 55 não ficar com ciúme…
Motor: dianteiro, longitudinal, oito cilindros em V, 32 válvulas, 5.461 cm3, comando duplo variável, gasolina; Potência: 421 cv a 6.800 rpm; Torque: 55,1 kgfm a 4.500 rpm;Transmissão: câmbio automático de sete marchas, tração traseira; Direção: hidráulica;Suspensão: independente com paralelogramos deformáveis na dianteira e na traseira; Freios:discos ventilados nas quatro rodas, com ABS; Rodas: aro 18 com pneus 235/40 na frente e 255/35 atrás; Peso: 1.610 kg; Capacidades: porta-malas 335/225 litros, tanque 70 litros;Dimensões: comprimento 4,146 mm, largura 1,817 mm, altura 1,300 mm, entreeixos 2,430 mm
Aceleração
0 a 60 km/h: 2,8 s (N/A)
0 a 80 km/h: 3,9 s (N/A)
0 a 100 km/h: 5,4 s (N/A)
Retomada40 a 100 km/h em Drive: 4,2 s (N/A)
80 a 120 km/h em Drive: 3,1 s (N/A)
Frenagem
100 km/h a 0: 38,6 m
80 km/h a 0: 24,6 m
60 km/h a 0: 13,6 m
Consumo
Ciclo cidade: 7,5 km/l
Ciclo estrada: 11,1 km/l
Números do fabricanteAceleração 0 a 100 km/h: 4,6 s
Consumo cidade: 8,3 km/l
Consumo estrada: 16,1 km/l
Velocidade máxima: 250 km/l (limitada)
“Nada de desligar o ESP!”, avisavam os caras estavam certos, pegou pesado ao dar tanto poderio para essa nave. Não fossem os controles eletrônicos segurando o ímpeto dos 421 cv despejados nas rodas traseiras, em alguma hora ela ia fazer a gente ver o mundo ao contrário. Como não queria correr esse risco (vai que ela não me liga mais?), só acompanhava a luzinha do ESP piscando desesperadamente enquanto eu ficava o pé no acelerador nas saídas de curva da pista.
A primeira coisa que me chamou atenção foi como a SLK 55 é comedida nos gastos. O “V8tão” tem até sistema start-stop, que desliga o motor nas paradas de semáforo e do trânsito. Na cidade, foram bons 7,5 km/l de consumo médio – lembrando que ela só bebe gasolina, e de preferência Premium. Esse apetite moderado, junto com a vontade de ver qual era a dela na estrada, me levaram a viajar até Juquehy, uma simática cidade de praia no litoral norte paulista. E eu não estava errado: no trecho rodoviário consegui média de 11,1 km/l.
Com a capota baixada, a capacidade diminui de 335 para somente 225 litros no porta-malas. Depois, comentou da suspensão dura e dos rodões aro 18. “Nossa, ela bate em qualquer buraquinho”. Sim, não tem jeito. Só sendo firme assim para acompanhar os 421 cv quando eu resolvesse meter o pé no meio de uma curva. Mas logo o asfalto da estrada chegou, muito mais bem tratado que o da cidade, e as coisas ficaram mais divertidas. Vamos acel…ops, antes tenho de parar no acostamento – para abrir a capota, que não aceita a operação a mais de 5 km/h.
A abertura é “espetaculosa”: um engenhoso sistema elétrico dobra e guarda a capota rígida no porta-malas em 20 segundos. Se você fizer isso no meio do trânsito, junta gente em volta. Capota guardada, vamos em frente. Ao ar livre, não sei o que empolga mais: o vento no rosto ou o V8 borbulhando ali atrás pelas quatro saídas de escape. Um ronco forte, estrondoso até, que arrepia mesmo os mais enturmados com a coisa. E como essa SLK anda! Bom, nem preciso dizer que as ultrapassagens soavam como covardia para os demais carros – 80 a 120 km/h em 3,1 segundos! Bastava afundar o acelerador, puxar a direção para o lado e ver o mundo ficando para trás. Em nossas medições, as passagens com o ar-condicionado ligado não fizeram a mínima diferença (por isso o N/A na ficha de testes).
Trocando o modo “Comfort” do câmbio para “Sport” e logo notei a SLK mais nervosa. Em vez de deixar o câmbio automático em marchas altas (são sete), a opção esportiva mantém sempre marcha baixa e o giro elevado, para prontas respostas. Cuidado: a 120 km/h, essa AMG parece devagar, e o velocímetro está com agulha apenas reta – só começa a subir acima disso. Só que a velocidade cresce assustadoramente mesmo que você já esteja acima do limite legal, com o motor engolindo marcha e fazendo um estrondo a cada troca. Para se ter ideia do poderio dessa “Merça”, nosso teste de 0 a 100 km/h levou somente 5,4 s!
O modo mais divertido é o “manual”. Aí você comanda as sete marchas com puxadas nas belíssimas alavancas de metal (que lembram as das Ferrari) atrás do volante. Funciona bem numa condução esportiva, e as mudanças são até rápidas nas subidas de marcha, mas nada que se compare a um sistema de dupla embreagem – coisa que a AMG só oferece no top SLS. Da mesma forma, o câmbio automático da Mercedes não aceita reduções radicais, exigindo que se deixe cair mais o giro antes de executar a manobra.
Com os controles ligados, a estabilidade dá e sobra. Mesmo em condições de chuva, a alemã se mostrou sempre à mão e bem presa ao chão. Apesar de longa, a dianteira é obediente e a direção pesada ajuda a manter as coisas em ordem quando se está rápido, embora pudesse ser um pouco mais comunicativa. A suspensão firme garante que a carroceria não balance muito nos desvios velozes e nem incline nas curvas. Mas a SLK 55 é tão forte que a traseira rabeia nas arrancadas, ainda que a eletrônica esteja ativa. Com o ESP desligado, é preciso perícia (e uma pista fechada) para encontrar o ponto de fazer uma derrapagem controlada ou protagonizar uma bela rodada.
Passando do lado nervoso para o luxuoso da coisa, a SLK encanta pelo painel finamente revestido de couro e pelo farto uso de alumínio, sem falar nos bancos com múltiplos ajustes elétricos. O sistema de som também é chique e potente, da Harman/Kardon, mas confesso que usei pouco – preferi o ronco do V8. O equipamento mais bacana desse roadster, no entanto, é o chamado airscarf, um sistema de ar quente com saídas na altura da nuca dos ocupantes. Assim, você pode andar de capota aberta mesmo em dias frios.
Com quebra-molas inversamente proporcionais ao tamanho da cidade, a 55 AMG me surpreendeu pela forma como superou os obstáculos. Nada de pegar a dianteira baixa ou as saias laterais – apenas algumas leves raspadas embaixo. O único incômodo a bordo eram as chacoalhadas da cabine ao passar nos pisos ruins, mas aí não é culpa do carro, passar com um esportivão de US$ 239.900 (pouco mais de R$ 480 mil) naquele lugar. No geral, dá para dizer que essa AMG encara uma utilização diária numa boa, com muito desempenho e o apelo irresistível da curtição a céu aberto. Para os dias de fúria, porém, a AMG favorita ainda é outra – a C63 Black Series. Mas deixa eu falar isso baixo para a SLK 55 não ficar com ciúme…
Ficha técnica – Mercedes-Benz SLK 55 AMG
Motor: dianteiro, longitudinal, oito cilindros em V, 32 válvulas, 5.461 cm3, comando duplo variável, gasolina; Potência: 421 cv a 6.800 rpm; Torque: 55,1 kgfm a 4.500 rpm;Transmissão: câmbio automático de sete marchas, tração traseira; Direção: hidráulica;Suspensão: independente com paralelogramos deformáveis na dianteira e na traseira; Freios:discos ventilados nas quatro rodas, com ABS; Rodas: aro 18 com pneus 235/40 na frente e 255/35 atrás; Peso: 1.610 kg; Capacidades: porta-malas 335/225 litros, tanque 70 litros;Dimensões: comprimento 4,146 mm, largura 1,817 mm, altura 1,300 mm, entreeixos 2,430 mm
Medições – valores entre parênteses se referem ao teste com ar-condicionado ligado
Aceleração
0 a 60 km/h: 2,8 s (N/A)
0 a 80 km/h: 3,9 s (N/A)
0 a 100 km/h: 5,4 s (N/A)
Retomada40 a 100 km/h em Drive: 4,2 s (N/A)
80 a 120 km/h em Drive: 3,1 s (N/A)
Frenagem
100 km/h a 0: 38,6 m
80 km/h a 0: 24,6 m
60 km/h a 0: 13,6 m
Consumo
Ciclo cidade: 7,5 km/l
Ciclo estrada: 11,1 km/l
Números do fabricanteAceleração 0 a 100 km/h: 4,6 s
Consumo cidade: 8,3 km/l
Consumo estrada: 16,1 km/l
Velocidade máxima: 250 km/l (limitada)
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